São Paulo

Protesto na Paulista: quando bolivianos, caras-pintadas e surdos se encontram na avenida

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Acabando de voltar da avenida Paulista no coração de São Paulo, onde me deparei com uma cena surreal.

19h30:

1. Um grupo de mais de 300 bolivianos protesta em frente ao consulado da Bolívia. Eles pedem justiça pela morte cruel de um menino de cinco anos durante um assalto. Em espanhol eles pedem a saída do cônsul e gritam “Justicia paraguaya!” (foi o que eu entendi). A maioria é de homens jovens e há algumas mães que carregam bebês no colo. Umas três bandeiras da Bolívia são agitadas em meio às pessoas. Leia o resto deste post »

De sapos a gatos

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Lucy antes…

Essa primeira foto foi tirada em fevereiro, no dia que eu resgatei a Lucy. Ela estava magrinha, imunda e esfomeada. De lá pra cá ela foi castrada, vacinada, vermifugada, bem alimentada e o principal: ganhou um local seguro para morar e muitos cafunés. Quatro meses depois, eis o resultado:

… e depois

Essa foto de celular não faz jus ao quanto ela está linda e feliz. É um poço de carinho. Pede colo todo dia e criou o hábito de fazer manha quando eu estou de saída pro trabalho. Brinca de lutinha e de pega-pega com as minhas gatas o dia inteiro. Sinceramente, meu coração aperta muito quando penso em doá-la. Como é que eu entrego essa criaturinha para um estranho?

ooohhh

Quando mostrei essa foto para o dono da banca (que se preocupa e pergunta todo dia sobre ela), ele chegou até a perguntar se era a mesma.

Essa comparação é para mostrar o quanto vale a pena ajudar um animal que vive nas ruas, que sofre. A gratidão deles por nós não tem medida. E o meu caso é ainda bem sem graça se comparado a alguns que já aconteceram na AUG. Outro dia vimos uma gata que antes era super agressiva (a ponto de atacar quando as voluntárias tentavam vaciná-la e medicá-la) se desmanchar de dengos diante dos carinhos da sua nova dona. O fato de se sentirem protegidos e amados é tão importante para os animais, que muitos deles mudam de personalidade na casa da família que o adotou.

Em tempo: a AUG está com uma campanha do agasalho para animais. Vale a pena participar.

**ATUALIZAÇÃO:
É claro que no final ela foi adotada. Por mim. A Lucy é minha e ninguém tasca!

Divagações no ponto de táxi

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cc on Flickr by stevecadman
Eu bem que queria entrar num táxi-fusca...

Estava eu lá, na fila de táxi do aeroporto, com uma sacola que cobria bem uns dois terços da minha altura (tá booom, uns dois quintos, vai). Fila gigante, de umas cinquenta pessoas, dessa vez sem exageros.

A coreografia era assim:

Chegava um táxi, o ajudante-de-ponto-de-táxi pegava a mala do primeiro da fila e ia correndo colocar no porta-malas. Uma única pessoa se encaminhava para o interior do veículo e este partia. A fila dava um passinho adiante.

Assim, um sem-número de vezes repetidos, os mesmos movimentos.

E eu lá no finalzinho pensando com meus botões: “ué, o táxi não tem quatro lugares? Se todos os lugares fossem ocupados, a fila andaria 4x mais rápido, teriam 4x menos táxis partindo do aeroporto e os passageiros pagariam 4x menos pela corrida. Não é possível que não existam quatro pessoas que não estejam indo para o mesmo lugar aqui, ou pelo menos para lugares próximos, ou lugares-que-são-caminho uns dos outros”.

Eu, que só tinha R$ 20,00 na carteira e teria que pegar táxi só até o metrô, bem que fiquei com vontade de perguntar pro meu vizinho de fila se ele topava dividir a corrida. Mas fiquei com vergonha. E segui quietinha na fila, imaginando um mundo ideal no qual a divisão de táxis surgiria espontaneamente entre estranhos.

Limpeza ecológica: agora no supermercado

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Amaciante, sabão para roupas e limpador multiuso. Manjericão e azeite não acompanham

Já faz um tempo que publiquei um passo-a-passo para uma receita de amaciante caseiro. Outra forma de não poluir o meio ambiente enquanto se lava as roupas é comprar produtos ecologicamente corretos. No Brasil, ainda é um pouco difícil encontrar esses materiais. Aqui em São Paulo achei a linha Ecobril, no supermercado Pão de Açúcar.

O fabricante diz seguir o preceito dos 4R: Reciclar, Reutilizar, Reduzir e Respeitar o meio ambiente. Eles fazem isso das seguintes maneiras: 1. vendendo o produto em embalagens recicláveis; 2. disponibilizando refis para a venda, de forma que a garrafa possa ser usada de novo; 3. fabricando produtos concentrados, que exigem embalagens menores e 4. usando tensoativos biodegradáveis.

Apesar disso, os produtos não exibem nenhum certificado. Outra falha é que não há uma explicação – nem na embalagem nem no site – sobre o que é exatamente um tensoativo biodegradável. Mandei um e-mail para o fabricante com essas questões e recentemente recebi a resposta:

“Larissa,

A linha não possui nenhum tipo de certificado pois a empresa optou por estabelecer os seus próprios critérios, e a partir disto foi criado o selo 4R com todo este conceito. Esta é uma prática comum entre diversas empresas.

Biodegradação é a destruição de compostos químicos pela ação biológica de organismos vivos.

As bactérias são os principais microorganismos capazes de promover a destruição dos detergentes. No processo de biodegradação o oxigênio é indispensável para a oxidação das moléculas. As bactérias aeróbicas são as que mais participam do processo de biodegradabilidade dos detergentes.

Reações de Biodegradação:
É a conversão da molécula do tensoativo em dióxido de carbono + água + sais inorgânicos  e produtos diretamente aproveitáveis pelo microorganismo.

Portanto, para que não ocorra danos ao meio ambiente é necessário que os produtos contenham tensoativos biodegradáveis e que o leito de despejo contenha oxigênio o que permitirá a presença de bactérias aeróbicas responsáveis pelo processo de biodegradação, não deixando nenhum resíduo poluente no solo.”

Se entendi direito, os produtos da linha Ecobril podem ser digeridos por bactérias, liberando CO2, água, sais inorgânicos e comida para os bichinhos-devoradores-de-detergente. Pressupondo que os os tais sais inorgânicos não agridam o meio ambiente, me parece uma boa equação (alguém discorda ou tem argumentos contra? Manifeste-se).

Em tempo: ainda sou a favor do uso dos certificados, e a justificativa não me convenceu inteiramente. Assunto para outro post.

O dia em que São Paulo sorriu

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E se… você simplesmente sorrisse para um desconhecido? Tente ver esse vídeo e não sorrir:

Contagiante, não?

Luluzinha Camp 2010

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E o LuluzinhaCamp 2010 já tem data e lugar para acontecer!

Post do blog oficial:

Três anos! Parece que foi ontem que a gente se reuniu pela primeira vez. Éramos 70 mulheres, enfiadas no Espaço Gafanhoto – que morreu, tadinho – com mil assuntos. Como disse a Srta. Bia outro dia, por e-mail: “o LuluzinhaCamp é o grupo onde posso fazer minha unha enquanto converso sobre Ficha Limpa, tuito uma receita de brigadeiro e protesto contra feminicídios.”

Para comemorar o terceiro ano de vida do grupo – e a chegada das mulheres catarinenses, que fizeram o seu primeiro encontro em junho – nos reuniremos ao vivo e a cores na Casa Bartira, um lugar mais que bacana indicado pela querida Letícia.

O que teremos (por enquanto):

  1. Oficina de Tsurus – vamos dobrar mil tsurus (garças) em favor da auto-estima da mulher. Coisa de todo mundo sentar e dobrar papeis e a gente fazer um móbile gigante com mil tsurus pela igualdade de gênero.
  2. Uma roda de discussão sobre a educação de nossas crianças. Desempenhamos um papel fundamental na orientação de nossas crianças frente a todas as novidades tecnológicas. Redes sociais não são playground. Mas estão sendo tratadas como.
  3. Oficina expressa de WordPress – 20 vagas.

Cada inscrita tem que levar:

  • Sua caneca
  • Um prato de comida (doce ou salgado)
  • Bebida – suco, refrigerante, água, água de coco… você decide
  • A doação para o projeto social que ainda iremos escolher (fiquem ligadas)

Serviço:
LuluzinhaCamp 2010
Casa Bartira: Rua Bartira, 625, entre a PUC-SP e Avenida Sumaré – São Paulo – SP
dia 18 de setembro, das 13h às 19h
Inscreva-se! (valor: R$25,00)

O desejo universal

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Por Kaptain Kobold on Flickr
Para o alto e avante!

Alguns posts atrás, eu disse que a dor é um sentimento universal, que nos liga a todos. Minha opinião sobre o assunto não mudou, mas hoje percebo outro elemento comum a qualquer um que se denomine humano: o desejo de evoluir.

Isso me veio à mente de uma maneira particularmente forte depois da jornada de ontem, que foi bem peculiar. A trabalho conversei, no mesmo dia, com a moradora de uma favela na beira do esgoto e com um milionário dono de uma loja de carros de luxo.

Ambos foram igualmente gentis e me cederam parte de seu tempo para conversar sobre coisas que os animam e que preenchem suas vidas. A moça da favela está feliz porque está conseguindo finalmente construir um cantinho para ela e os dois filhos em cima da casa de sua mãe. Antes ela morava em um barraco na beira do rio, que é muito poluído e transborda constantemente, de forma que é uma mudança muito importante para ela.

O empresário estava radiante pelo sucesso da filial que abriu em São Paulo, a segunda da marca a ser aberta na América Latina. As vendas superaram, e muito, suas expectativas e ele vê isso como um indicador da saúde da economia brasileira. Afinal, não se vendem muitos carros de luxo em um país que está na lama do subdesenvolvimento.

Nessas duas pessoas, que moram na mesma cidade mas têm realidades completamente diferentes, eu vi muito em comum. Primeiro na crença no país em que vivem. Segundo, na procura constante por melhorar sua situação e o ambiente ao seu redor, nem que seja um pouquinho. Confortáveis ou não, ambos desejam evoluir. Desejam sair de onde estão para atravessar uma jornada e chegar a um lugar melhor.

Creio que isso é outra coisa que nos une, nós, humanos. Sempre temos  vontade de ir adiante, de dar o próximo passo, de alcançar uma meta mais alta. O menor tempo, a maior pontuação, o salto mais alto, o carro mais rápido, tudo é desejo de superação.

Muita gente vê isso como uma insatisfação constante. Como se ninguém estivesse feliz com o que tem, sempre vendo a grama mais verde no jardim do vizinho. Eu digo: ainda bem que é assim. Ainda bem que nunca estamos satisfeitos. Se não fosse assim, ainda estaríamos dormindo no chão frio de uma caverna escura.