CO²

Por que é bacana parar a Paulista

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Se a tarifa não baixar, olê olê olá/ a cidade vai para-ar!

Oh, wait!

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A cidade já parou, baby

Eu não fui nas manifestações pela redução das tarifas do transporte público que estão acontecendo em São Paulo porque sou uma escrava da informação estava em casa trabalhando. Mesmo assim, acho válido dar a minha contribuição expandindo o tema.

Em primeiro lugar, o que tem dado mais o que falar: o quebra-quebra e as pichações.

Pessoalmente eu não concordo. Acho que a depredação devia ter sido evitada não só pelo estrago, mas principalmente porque quem discorda do movimento fica na ladainha do disco arranhado de “eles são vândalos, eles são vândalos” e a discussão do que realmente importa fica em segundo plano.

Mas como em tudo na vida, existem mais que dois lados da questão, como exemplifica o historiador Idelber Avelar:

Você gosta do seu 13° salário? Sangue pra c****** jorrou para que você o tivesse. Curte as suas férias? Estude História e descubra que elas foram conquistadas na porrada. Acha bacana ter o direito de votar? Muito mais do que janelas foram quebradas para que você o tivesse. É mais que justo ter o direito de se divorciar de alguém com quem você não quer mais viver? Protestos violentos aconteceram para que isso se conquistasse também.

Então, se você acha legal e justo ter 13° salário, férias, divórcio, voto e direito à greve, poupe-nos do mimimi porque meia dúzia de janelas foram quebradas em protesto. Nenhuma das garantias democráticas que você tem hoje foi conquistada sem que algo muito mais violento acontecesse.”

Outra questão no tópico: alguns jornais e sites talvez tenham exagerado ou deliberadamente errado na cobertura e focado só no quebra-quebra. Alguns manifestantes disseram inclusive que foram retratados como vândalos, mesmo tendo agido no sentido de preservar o patrimônio. E há vídeos para provar.

Quando o quebra-quebra é em Paris, é hype! (baderneiros pelo casamento gay na capital francesa)
Quando o quebra-quebra é em Paris, aí é hype! (baderneiros pelo casamento gay na capital francesa)

Superado este ponto, vamos ao que realmente interessa.

As pessoas têm reclamado que ficaram horas paradas por causa das manifestações que fecharam três das principais avenidas de São Paulo e ecoaram no Rio de Janeiro, Natal, Goiânia e Porto Alegre. E sim, eu também fiquei presa no trânsito gerado pela manifestação e perdi a reserva em um restaurante. Mas o raciocínio é o seguinte:

1 – As pessoas reclamaram que ficaram paradas por causa da manifestação e perderam trabalho/compromisso.

2 – Portanto essas pessoas, motoristas ou passageiros de ônibus, se sentem prejudicadas quando o trânsito fica lento.

3 – O trânsito é lento nas cidades grandes, entre outros fatores, por causa da má distribuição dos imóveis e da quantidade de carros nas ruas, sendo que:

4 – Se mais pessoas usassem o transporte público, menos carros haveria nas ruas e o trânsito fluiria melhor, uma vez que 40 pessoas dentro de um ônibus ocupam menos espaço do que 40 carros, sem contar o metrô, que ocupa espaço quase zero no solo. Porém:

5 – Um dos fatores que as pessoas levam em conta ao adotar ou não o meio de transporte público, além de conforto e facilidade de acesso é justamente o PREÇO.

Ou seja: as pessoas estão parando o trânsito hoje para que o trânsito melhore amanhã, para todos, motoristas e passageiros de ônibus. Pare e pense: você não pode dar um dia da sua rotina em prol da melhoria na vida de milhões de pessoas por vários dias???

Entendo que as pessoas coloquem o bem-estar real de si mesmas antes de um bem-estar abstrato de toda a sociedade. Mas que as pessoas prefiram sacrificar um possível bem-estar duradouro no futuro porque querem chegar em casa logo, isso realmente não entra na minha cabeça.

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Como sempre, falaremos mais sobre transporte público. Por enquanto fiquem com estas leituras obrigatórias:

Protestar no Facebook não adianta nada, o negócio é fechar avenida (Carta Capital)

O protesto que eu não vi pela TV (um relato lindo de quem foi na manifestação)

– O preço do ônibus aumentaria se as pessoas se importassem? (reportagem sobre quem paga a conta)

Brasil se levanta en protesta contra el aumento de los precios del transporte (matéria do jornal espanhol El País)

Pagando para poluir

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Quando o mercado de créditos de carbono surgiu, muita gente ficou satisfeita. Afinal, que ideia melhor do que dividir a quantidade total de carbono que podemos emitir em pequenas porções que podem ser trocadas?
Anie Leonard, minha heroína pessoal, lança mão mais uma vez de desenhos fofinhos para explicar porque essa não é uma boa ideia.

Vale a pena ver também:
A história das coisas
A história da crise
Projeto A história das coisas (inglês)

Código florestal: hora de agir

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Flickr by Ana_Cotta
É o fim?

Pois é. O projeto do novo Código Florestal foi aprovado na Câmara dos Deputados, usando argumentos que passam bem longe das florestas. Esse vídeo e algumas leituras (links no fim do post) explicam direitinho em que enrascada estamos nos metendo.

Mas ainda dá tempo de reverter esse quadro. O projeto está no Senado, e é hora de pressionar os nossos ilustres senadores. Lembra o candidato no qual você votou no ano passado? Pois é. Tá na hora de cobrar dele uma postura condizente com a confiança que você depositou nele. O e-mail do fulano e dos outros 80 parlamentares pode ser encontrado aqui. Eu mesma já enviei mensagens para os três representantes de Minas e os três de São Paulo. Tudo que recebi foi uma resposta automática, mas… meslhor que nada, né?

Outras formas de mostrar sua opinião sobre esse assunto é assinar a petição da Avaaz e votar “não’ ao projeto no Vote na Web, site que reproduz as votações do Congresso e disponibiliza para a população opinar.

Além disso vale falar do assunto em blogs, exigir do jornal que você lê que fale sobre o assunto, comentar nas notícias divulgadas. E é claro, vale se juntar às manifestações nas ruas do Rio, em São Paulo e outras cidades. Se você souber de mais formas de fazer barulho contra esse projeto ou a programação de novas manifestações, divulge nos comentários.

Lembra você que vive reclamando que a política do Brasil não presta? Agora é a hora de fazer algo para mudar isso. E se a gente aprovou a lei da Ficha Limpa, a gente consegue se mobilizar contra o novo Código [da devastação] Florestal.

Para entender o assunto:

Entrevista com Marina Silva no Roda Viva
Post da Eliane Brum
Manifesto de 38 entidades da sociedade civil, incliundo OAB e CNBB
Pesquisa do DataFolha
Íntegra do projeto
Lista dos deputados que aprovaram o projeto

Um homem de bem a menos

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Assistindo ao discurso de Zé Claudio Ribeiro no TEDx Amazônia, me lembrei que não chequei se a madeira da minha escrivaninha é certificada. Encomendei em outubro de uma loja em SP e simplesmente me esqueci desse ponto. Que mancada.

Zé Cláudio foi morto na semana passada, junto com sua mulher. Mais um para se somar ao triste time de Chico Mendes e irmã Dorothy.

O que ele tentava dizer era: “a floresta vale mais em pé do que derrubada”. Que descanse em paz.

Em tempo: andam dizendo que o novo Código Florestal tem culpa no assunto. O que acham?

 

Sobre o novo código florestal

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Está sendo aprovado à pressas no Congresso. Acredito que esse tema mereça uma discussão mais ampla com a sociedade.

Esse vídeo explica bem didaticamente o que é o atual código, e as mudanças que estão sendo propostas:

Sei que queremos um país próspero. Mas o agronegócio precisa passar por cima da preservação ambiental? O que aconteceu com aquele discurso que todos amam, de “desenvolvimento com sustentabilidade”?

Se você, como eu, acredita que essas alterações não devem ser feitas, assine a petição no Avaaz.

Vi no Página 22.

A era da estupidez

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Em uma sala de arquivo perdida em um mundo devastado um homem vê vídeos antigos. As imagens, de menos de 50 anos no passado, mostram que a população do planeta conhecia as causas que os levou à extinção. A população dispunha de meios para se salvar, mas caminhou com determinação para o extermínio em massa. “É como se eu estivesse olhando para as pessoas na praia, através de um binóculo. Elas estão muito concentradas e fortemente enraizadas na pequena porção de areia embaixo de seus pés. Enquanto uma grande tsunami se aproxima no mar”, diz o homem que observa os vídeos.

Esse é o enredo do filme “A Era da Estupidez” (Age of Stupid), lançado pelo diretor Franny Armstrong, que conta com o ator Pete Postlethwaite no papel principal. O longa mostra vários documentários, já ganhou seis prêmios e realmente vale a pena baixar e ver. Eis o trailler:

 

 

Fazendo as contas

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Vai caber mais uma Europa no mundo?

Fã de desing e decoração que sou (apesar de ser jornalista), tenho descoberto algumas coisas interessantes navegando por sites gringos sobre o tema.

O mais espantoso dos hábitos americanos é que eles acumulam muito mais coisas do que nós. Por exemplo: parece ser quase inconcebível uma casa sem closet. Já no Brasil, nos contentamos com armários (muitas vezes divididos entre marido e mulher) e closet é coisa de casa de luxo. Outro diferencial é a quantidade de máquinas. Vi um site que sugeria como medida ecológica secar as roupas ao natural. No nosso país, soa meio esquisito alguém comprar uma máquina só para executar essa tarefa e não existe casa que não tenha varal. Há vários outros exemplos, como o uso de água quente, trituradores embutidos nas pias, mega aspiradores.

É claro que não vivo nos EUA e não posso dizer como é a vida por lá. Mas posso imaginar que as coisas se deêm dessa forma por alguns fatores: 1. o mercado interno americano é (ou era) bem mais aquecido que o nosso. Lá é possível comprar os mais variados tipos de apetrechos high tech por um preço bem menor, quase como comprar um pastel na padaria. 2. O hábito de pagar alguém para arrumar a sua casa não é tão difundido lá como aqui. Enquanto nós pagamos salários de fome para que pessoas da periferia venham limpar a nossa bagunça, lá o serviço é dividio pela família, e aí qualquer ajuda da tecnologia é bem-vinda.

Essa tese da economia de energia e recursos dos países pobres ou emergentes inclusive se confirmou com um estudo que listou as cidades mais poluentes do mundo. Quem quiser pode acessar a pesquisa completa aqui, mas basta dizer que a cidade mais poluente é Rotterdam, na Holanda, que polui 20 vezes mais que São Paulo. Das top 10 poluidoras, seis são americanas. Lá na lanterninha estão países como Bangladesh e Nepal. No meio estão os países emergentes.

O grande perigo é que as coisas estão mudando no Brasil. A classe C agora é maioria. Quem não tinha dinheiro para comprar carros ou eletrodomésticos, agora pode parcelar em 12 vezes no cartão. As vendas de carros e a indústria batem recorde após recorde de crescimento. O mesmo acontece com a China e a Índia (pelo menos no que tange ao crescimento econômico).

E dessa vez o desenvolvimento não vai ser no ritmo lento do século XVIII. A população brasileira, indiana e chinesa somadas dão 2, 7 bilhões de habitantes, quase metade do contingente mundial. Já os EUA e a Europa – com seus 57 países – somam 1,2 bilhão de habitantes.

E aí, vai ter planeta pra mais dois mundos desenvolvidos?

Limpeza ecológica: agora no supermercado

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Amaciante, sabão para roupas e limpador multiuso. Manjericão e azeite não acompanham

Já faz um tempo que publiquei um passo-a-passo para uma receita de amaciante caseiro. Outra forma de não poluir o meio ambiente enquanto se lava as roupas é comprar produtos ecologicamente corretos. No Brasil, ainda é um pouco difícil encontrar esses materiais. Aqui em São Paulo achei a linha Ecobril, no supermercado Pão de Açúcar.

O fabricante diz seguir o preceito dos 4R: Reciclar, Reutilizar, Reduzir e Respeitar o meio ambiente. Eles fazem isso das seguintes maneiras: 1. vendendo o produto em embalagens recicláveis; 2. disponibilizando refis para a venda, de forma que a garrafa possa ser usada de novo; 3. fabricando produtos concentrados, que exigem embalagens menores e 4. usando tensoativos biodegradáveis.

Apesar disso, os produtos não exibem nenhum certificado. Outra falha é que não há uma explicação – nem na embalagem nem no site – sobre o que é exatamente um tensoativo biodegradável. Mandei um e-mail para o fabricante com essas questões e recentemente recebi a resposta:

“Larissa,

A linha não possui nenhum tipo de certificado pois a empresa optou por estabelecer os seus próprios critérios, e a partir disto foi criado o selo 4R com todo este conceito. Esta é uma prática comum entre diversas empresas.

Biodegradação é a destruição de compostos químicos pela ação biológica de organismos vivos.

As bactérias são os principais microorganismos capazes de promover a destruição dos detergentes. No processo de biodegradação o oxigênio é indispensável para a oxidação das moléculas. As bactérias aeróbicas são as que mais participam do processo de biodegradabilidade dos detergentes.

Reações de Biodegradação:
É a conversão da molécula do tensoativo em dióxido de carbono + água + sais inorgânicos  e produtos diretamente aproveitáveis pelo microorganismo.

Portanto, para que não ocorra danos ao meio ambiente é necessário que os produtos contenham tensoativos biodegradáveis e que o leito de despejo contenha oxigênio o que permitirá a presença de bactérias aeróbicas responsáveis pelo processo de biodegradação, não deixando nenhum resíduo poluente no solo.”

Se entendi direito, os produtos da linha Ecobril podem ser digeridos por bactérias, liberando CO2, água, sais inorgânicos e comida para os bichinhos-devoradores-de-detergente. Pressupondo que os os tais sais inorgânicos não agridam o meio ambiente, me parece uma boa equação (alguém discorda ou tem argumentos contra? Manifeste-se).

Em tempo: ainda sou a favor do uso dos certificados, e a justificativa não me convenceu inteiramente. Assunto para outro post.

Diários de Bicicleta #2

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Plano B

crinças também são artistas urbanos
coisas que náo se vê de carro

Minha determinação de trocar o carro pela bicicleta para ir trabalhar foi por água abaixo quando passei a fazer estágio em Contagem. Para quem não mora em BH, basta dizer que Contagem também é chamada de Cidade Industrial. E isso significa muitos quilômetros e dezenas de camihões e ônibus dirigindo a mais de 100 km/h.

Bom, mas não desisti da ideia de cortar meus créditos de carbono no trânsito. Na verdade, descobri que sou mais uma walk person. Gosto mais de andar. Passei a ir para Contagem de ônibus, e deixo o carro em casa todo dia. Mesmo que tenha que pegar uma condução até o centro, para andar até outro ponto e pegar outra, me faz bem caminhar em meio às pessoas.

Também passei a ir a pé pra lugares relativamente perto. Assim, resgatei o prazer de observar a cidade. E pude observar cenas que não veria se estivesse de carro, como a intervenção de uma criança no cenário urbano, que vocês podem ver na foto.

Plante uma floresta com alguns cliques

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iniciativa_verde
Calcule emissões de CO2 no site A Iniciativa Verde.

Com todo esse comércio de créditos de carbono entre países, fica difícil saber qual é a nossa parte no assunto. Afinal, o que eu tenho a ver com a emissão de CO2 no mundo?

Mais uma vez, a internet nos salva. No site A Iniciativa Verde, você fornece alguns dados, como quantidade de kms que anda de carro por mês, consumo de luz, ou se fez alguma viagem de avião, e eles calculam quantas toneladas de CO2 você joga por mês no mundo.

E o mais bacana é que eles não param por aí. Na mesma conta já mostram também quantas árvores você tem que plantar para compensar suas emissões, uma espécie de comércio de carbono seu com o mundo.

Então tá  ok. Tenho que plantar 3 árvores pra compensar minhas 0,42 toneladas de CO2. Pego minha pá, minhas mudinhas e sigo para o canteiro mais próximo. É claro que as coisas não são tão simples assim. Para se plantar em áreas públicas da cidade é preciso ter autorização da prefeitura. Além disso, uma muda ou árvore pequena precisa de manutenção para sobreviver.Sem falar na preguiça de enfiar o pé na roça.

Minha floresta particular no Click Árvore.
Minha floresta particular no Click Árvore.

É aí que já existe uma solução. No próprio site dA Iniciativa Verde, você pode comprar mudas, que eles plantam num lugar bacana e preservado. Cada muda custa cerca de R$ 15,00. Mas se você não está afim de liberar essa grana para a natureza, tem uma alternativa melhor ainda.

O projeto SOS Mata Atlêntica tem um site parecido, o Click Árvore. Com a diferença que lá você pode “plantar” árvores só com um clique, sem pagar. O financiamento é feito por patrocinadores, que aparecem nos anúncios. Lá também tem a opção de “floresta paga”.

Para quem acha que vai completar a mata atlântica em uma hora, é bom avisar que há um limite de um clique por dia. Mesmo assim dá pra avançar. Já restaurei 408 m² de mata atlântica com 68 árvores.