criança

Pedofilia não é conto de fadas

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Passando rapidinho para recomendar uma entrevista excelente que está no blog Mulher 7×7. A repórter Letícia Sorg conversou com Margaux Fragoso, autora do livro “Tigre, Tigre”. Na obra ela conta sobre os 10 anos de abusos sexuais por parte de um pedófilo. Muitas das cenas são descritas com detalhes. Antes que alguém fique chocado, é bom ler o texto, que revela a forma madura e honesta com a qual Margaux lida com o assunto. Assim como Jaycee Dugard e Natascha Kampusch – outras mulheres abusadas durante longos anos por raptores – a autora lida com o tema de uma maneira muito mais saudável do que muitos que tentaram as transformar em vítimas.

Seus livros (no caso de Natascha e Margaux) são suas defesas. Neles, elas mostram que a relação entre a criança e o pedófilo (ou raptor) é muito mais profunda do que aquela história de “pobre menina abusada” versus “grande monstro mau” que vemos inclusive nos contos de fadas (chapeuzinho vermelho que o diga).

Eis um trecho que achei fantástico: “Quando mostramos compaixão, mesmo quando ela é o sentimento mais difícil, temos uma chance de atingir as defesas e as racionalizações dos pedófilos. A compaixão desarma a defesa, enquanto a culpa e o julgamento não conseguem entrar na mente daqueles que se recusam a admitir”.

Quem quiser ler na íntegra, vai lá: Margaux Fragoso sobre a pedofilia: “Não trate a criança como se ela estivesse arruinada”.

Financie quem você acredita

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Conseguir financiamentos para projetos sociais é um problema. Apesar de a bondade ser difundida pelo país como algo positivo, nenhuma empresa ou investidor está disposto a liberar a grana sem ter algo em troca. Para quem tem pequenos projetos então, a missão parece impossível.

Mas existem agora ferramentas na internet (sempre ela!) que permite que pessoas como eu ou você financie pequenos projetos. Uma delas é o site Catarse. Na química, catarse é o elemento ou o processo que tem a função de acelerar uma reação. E é essa bem a função dessa iniciativa: fazer ideias bacanas decolarem.

Eu ajudei um projeto que se chama “A Fantabulosa Caixa de Livros“, uma coletânea de livros infantis que falam sobre meio ambiente. Em qualquer um dos projetos, você pode ajudar sem esperar nada em troca, ou pode escolher um “prêmio” pela sua doação. Caso a meta não seja atingida dentro do prazo, você recebe o dinheiro de volta para aplicar em outras iniciativas do site.

Bacana, não?

Sobre pais

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Evito publicar textos de outras pessoas no blog, mas esse é tão verdadeiramente belo que eu não resisti. Dedico esse poema aos meus pais.

“Seus filhos não são seus filhos.

São os filhos e filhas da vida, desejando a si mesma.
Eles vêm através de vocês, mas não de vocês.
E embora estejam com vocês, não lhes pertencem.

Vocês podem lhes dar amor, mas não seus pensamentos,
pois eles têm seus próprios pensamentos.

Vocês podem abrigar seus corpos, mas não suas almas,
pois suas almas vivem na casa do amanhã,
que vocês não podem visitar, nem mesmo em seus sonhos.

Vocês podem lutar para ser como eles,
mas não procurem torná-los iguais a vocês.
Pois a vida não volta para trás, nem espera pelo passado.

Vocês são o arco de onde seus filhos são lançados como flechas vivas.

O arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e Ele curva vocês com Seu poder, para que suas flechas possam ir longe e rápido.
Deixem que o seu curvar-se na mão do arqueiro seja pela alegria:
Pois mesmo enquanto ama a flecha que voa, Ele também ama o arco que é firme.”

Kahlil Gibran

Encontrei no blog Diário Grávido, no qual Renato Kaufmann conta o que é correr na montanha russa da paternidade.

Gostaria de lembrar dessas palavras quando tiver filhos, mas sei o quanto será difícil. Outra coisa que toca no mesmo tom e me diz muito sobre meus pais (e os pais de toda a geração anos  80 brasileira) é essa música, interpretada na voz inesquecível de Elis Regina:

É ao mesmo tempo terrivelmente bela e terrivelmente triste a frase: “E quando colherem os frutos/ digam o gosto pra mim”.

A menina que calou o mundo

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Esse vídeo é famoso e já deve ser conhecido de alguns de vocês, mas sempre é inspirador rever.

Com vocês, Severn Suzuki, em pronunciamento no painel internacional da Eco-92 aos 12 anos.

A garota acima, que conseguiu tirar lágrimas de vários dirigentes, hoje tem 30 anos. Ela é filha do biólogo David Suzuki, e aos 9 anos fundou a Organização das Crianças em Defesa do Meio Ambiente (ECO).

Hoje ela dá palestras sobre meio-ambiente e ainda luta por um planeta melhor. E o vídeo acima ainda se encaixa perfeitamente no contexto mundial de quase 20 anos depois. Que tal usar o vídeo como inspiração para fazer mais do que a sua parte e também tentar mudar a cabeça de algumas pessoas?

Quem quiser ver outro discurso de Severn Suzuki, pode clicar aqui. Ela diz que com sua família aprendeu que toda vez que alguém vê algo errado sendo feito, tem que tomar uma atitude a respeito. É um bom ensinamento para nós e as futuras gerações.

Por um breve instante*

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Porque estamos todos no mesmo barco

Quando eu tinha 12 anos quis sair de uma grande escola na qual estudava para ir para outra pequenininha, que ninguém conhecia.

Eu era uma pré-adolescente extremamente tímida e insegura, e me sentia muito só. Além disso, eu falava tão baixo que a maioria das pessoas não entendia o que eu dizia. Parecia que tinha medo da minha própria voz.

A coordenadora então me chamou para uma conversa, para saber por que eu queria deixar o colégio. Não me lembro bem o teor da conversa, mas lembro que no final ela disse: “nunca deixe de dizer o que você pensa”.

Isso me marcou de uma maneira bem peculiar. Hoje, outros 12 anos depois, converso com todo mundo, falo em público numa boa e não tenho medo de trocar ideias, mesmo com quem sabe mais do que eu. Trabalho com comunicação e tenho este blog, no qual escrevo o que me dá na cachola. É claro que muitas outras coisas aconteceram (e é natural que pré-adolescentes sejam tímidas), mas não posso deixar de pensar que a frase dita naquele dia tenha me influenciado a mudar. Tanto é que me lembro dela até hoje, como um momento de epifania.

Isso é importante pra dizer que 10 segundos que você gasta com uma pessoa podem mudar a vida dela, para o bem ou para o mal. Outro exemplo é esse texto maravilhoso que a  Silviàmélia, minha amiga que foi minha professora, escreveu no seu blog, o Tapete de Penélope:

“Por uma estação

Sápassado estava eu na estação Barra Funda. Entrei em uma das baias para aguardar o metrô. Perto de mim cinco crianças pequenas com a mãe nervosa esperavam. Um menino de uns 4 anos se afastou um pouco dela. Com um menino de uns dois anos no colo, a mãe soltou a mão de outro menino de uns 3 anos e voou neste de 4 anos que se afastava rumo aos trilhos do metrô. Apertou o braço do menino, deu um safanão e depois um tapa no rosto. O menino ficou chorando baixinho.

O metro parou. Entrou a mãe, as cinco crianças pretinhas, eu e as demais pessoas. A mãe berrou “não é pra sentáááá, vamos descer na próxima estação, não é pra dar de folgado aê” enquanto puxava pelos cabelos as duas meninas mais velhas – de não mais que 9 anos – que faziam movimento de que iam se sentar a despeito da repreensão verbal. Por fim a mãe se sentou com o menino mais novo e os demais ficaram no corredor. O menininho que apanhou na estação ainda chorava  baixinho. Ele olhou pra mim e eu olhei pra ele. Falei discretamente, quase sem som “quer colo?”. Ele nem respondeu, veio pertinho e eu o coloquei no meu colo. Na hora a mãe e os irmãos apontaram zuando. Eu abracei o menino e falei em seu ouvido “você é muito lindo”. Ele ficou feliz. Balancei as minhas pernas fazendo “upa, upa” discretamente. Os irmãozinhos olhavam sem zuar, já com ciúmes. Ele não chorava mais. Falei no seu ouvido “já tá chegando, é aqui que vocês vão descer, né”. Ele fez sinal de sim com a cabeça e voltou a chorar. Mais um abraço e eu o coloquei de pé. Ele fez “tchau” com a mão.”

Precisa dizer mais?

*Isso é um pleonasmo? Se for eu tenho licença poética, tá?

A dor universal

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cc by tanakawho on Flickr
lama faz bem

Mais de seis bilhões de habitantes, centenas de dialetos, costumes, dezenas de etnias. Mas ainda assim existe uma coisa que liga você, eu e qualquer um com um polegar opositor: a dor. Querendo ou não, um dia todo ser humano sofre, sente dor, medo, desespero. E cada um lida com isso à sua própria maneira.

Tem gente que grita. Grita e xinga a todos. Mas se você ficar quieto o suficiente pra prestar atenção, vai ver que essa pessoa não está gritando com os outros, está gritando com ela mesma. Quando ela diz: “você não presta!” é a dor lá dentro falando. É o medo que ela está colocando pra fora, o medo enorme de que na verdade seja ela que não preste. Isso eu aprendi com a vida. E comigo mesma.

Um dos maiores aprendizados que se pode ter na vida é transformar essa dor enorme em algo bom. É a metáfora que os budistas admiram na flor de lótus: ela nasce da lama mais fétida, mas que por isso é a mais fértil. Se você colher a flor e colocar num vaso com água e açúcar, ela murcha.

Acabei de ler uma história incrível. É sobre a australiana Jacqueline Pascarl. Ela já foi princesa da Malásia e transformou a dor pela separação e o sofrimento dos filhos em aprendizado. Acho que aí está outra coisa universal: a ligação entre mãe e filho. Vale muito a pena ler a história, escrita por Kátia Mello no blog Mulher 7 x7 (que aliás é incrível) e os dois livros que a Jacqueline lançou.

Fica a recomendação.

Todos por um

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Juntos fica possível

Em Divinópolis, cidade do interior de Minas Gerais, no dia 7 de outubro, mais uma criança nascia no hospital São João de Deus. Era uma menina, que aos poucos revelou que não era como as outras. Yasmin nasceu com catarata congênita bilateral, um tipo raro de doença que pode deixá-la cega. Existe cura, que é uma cirurgia que custa de R$ 5.000,00 a R$ 8.000,00.

A quantia é impossível de ser paga pela mãe, que tenta desesperadamente marcar o procedimento via saúde pública. O pior é que o bebê tem que ser operado em até três meses, ou passará a vida no escuro.

Esse podia ser apenas mais um caso, daqueles que aparecem na TV. Mas dessa vez alguém decidiu ajudar. Alguns amigos de Belo Horizonte viram a notícia no jornal e decidiram arrecadar o dinheiro a tempo para Yasmin fazer a cirurgia. Montaram um blog, o Juntos Fica Possível e iniciaram uma vaquinha on-line.

Pra mostrar que a internet é só uma ferramenta. A diferença está em quem usa.