Praia da Estação

Ocupando a cidade

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Até pouco tempo atrás eu tinha medo de ir ao centro de Belo Horizonte. Isso porque cresci num universo no qual “a violência de hoje tá uma coisa medonha!”, onde minha vida poderia ser colocada em risco simplesmente se eu decidisse voltar a pé para casa às sete da noite. Denis Russo teoriza sobre os motivos disso, mas o fato é que a região central para mim era sinônimo de assalto, cheiro de urina e doidões drogados.

Isso vinha mudando há algum tempo, principalmente depois que passei a pegar ônibus (quase) no centro para ir ao trabalho. Mas foi nos últimos dias que realmente estive no centro. Começou com a experiência de ir até a Praça da Estação a pé a partir da Praça Afonso Arinos (mais ou menos) e culminou com uma manhã no local com direito a metrô pra Contagem.

Participei de duas horas e meia do Eventão na Praia da Estação. Mas foi como se estivesse familiarizada há meses. Vi muita gente que eu conhecia, mas que não tinha mais contato. Vi gente engajada que participa desde o início e conheci gente que, como eu, estava ali pela primeira vez pra “ver como é que é”. Joguei frescobol, vi teatro de criança, estendi minha canga no concreto. Fiz tudo que gente que mora na cidade faz na cidade (talvez tirando a parte da canga).

E me senti parte da cidade, no seu núcleo mais interno: de convivência, conflitos, contrastes. Peguei o metrô às 13h30 com um aperto no peito, uma vontade enorme de ficar mais, de não sair nunca mais do centro da cidade onde eu nasci. Nunca me senti tão belo-horizontina (belorizontina?).

Graveola e convidados tocam no viaduto Santa Tereza. Foto flamafra

Depois vieram as fotos na internet, os vídeos, os relatos, e vi que a festa foi maior, foi enorme. Mais gente se juntou, cantou, dançou, pulou, batucou e fez da cidade deles. Olhei as fotos com uma alegria enorme de ver um monte de gente que eu conhecia, dos mais diversos lugares, todos compartilhando de um momento que também é de BH.

E me deu vontade de viver para sempre no centro da minha cidade.