caminhada

Da medicina e o que se põe pra dentro

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A ideia do blog não era ser tão pessoal, mas não tem como começar esse texto sem contar alguns fatos da minha vida. Então senta que lá vem história.

Há seis anos, quando estava viajando com duas amigas pelo nordeste, comecei a sentir uma dor de cabeça. Mas não uma dor qualquer, uma dor muito forte, que me impedia até de andar normalmente e sequer conversar. Com a dor vieram náuseas e vômitos e eu entrei em desespero. Era praticamente a primeira viagem que fazia sozinha e estava numa cidade totalmente desconhecida. Achei que fosse morrer. Fomos até um hospital, tomei analgésicos intravenais e chegamos à conclusão que tudo não passava de uma intoxicação alimentar.

Depois disso esqueci o assunto até que, no início de 2006, tive outro episódio semelhante. Estava no bar, com amigos. Fui pra casa, tomei analgésicos, dormi e a dor passou. Mas no mês seguinte senti a mesma coisa. E no outro, e no outro e assim tem sido há quatro anos.

Logo da primeira vez que fui no médico, uma neurologista, fui diagnosticada com exaqueca. Desde então já consultei com cinco médicos diferentes, fiz tomografias, eletroencefalogramas, sessões de acupuntura, tomei remédios como antidepressivos, controladores de pressão, antilabirínticos, anticonvulsivos e até uma injeção na base do crânio. Atualmente, as crises são quinzenais.

Colocando pra dentro

Eu devo ter ido a cerca de 20 consultas e, em NENHUMA delas, o profissional da saúde tratou sobre a minha alimentação. Todos os tratamentos (exceto a acumpultura, que foi iniciativa minha) eram feitos a base de remédios. As consultas seguiam um padrão:
“e então, como estão as dores?”
“continuam”
“então vou mudar seu remédio”.

De fato, a fé nos remédios é tão grande, que um médico chegou a dizer pra mim: “bom, se você não tem melhora com esse medicamento, então seu caso não tem solução”.

Quando a questão da alimentação era tratada, me perguntavam se eu sentia que determinado alimento desencadeava as crises. Mas senti que nunca fui tratada como uma pessoa, e sim como um laboratório de testes. Se esse medicamento não funciona, tentaremos com aquele, ou uma dose maior. Nunca procuraram saber como meu intestino funciona, e nem sequer o que eu acho que desencadeia as crises.

Alexandre Feldman diz: você é o que você come

Mudando tudo

Já tinha desistido de tratar minha enxaqueca, e passei simplesmente a conviver com o problema e me entregar à dor nos momentos de crise. Até que um dia minha mãe apareceu com um livro chamado: “Enxaqueca – Finalmente uma Saída“, de Alexandre Feldman. A princípio não dei muita importância, pois me remetia à auto-ajuda ou àqueles charlatões que oferecem fórmulas milagrosas. Mas um dia em que tive uma crise particularmente forte, comecei a ler.

E devorei o livro em dois dias.

O autor fala exatamente o que eu penso. Será que a medicina não santifica os medicamentos? Os remédios são realmente a única saída, a ponto de se dizer que se eles não funcionam, não há mais cura? A alimentação e o funcionamento do corpo devem ser ignorados ou mesmo deixados em segundo plano durante o tratamento? Não seria a alimentação o fator principal da saúde humana?

Me lembro sempre de um comercial nessas horas. A Suzana Vieira chega em casa e diz: “minha vida anda tão corrida, que meu remédio para dor de cabeça não me acompanha mais. Por isso eu mudei para tal remédio, mais eficaz”. Como assim??? Dor costuma ser uma sinal de que algo está errado!

O problema é que engolir uma pílula e esquecer a dor é muito mais fácil do que mudar todos os seus hábitos, principalmente os alimentares. Alexandre Feldman faz a mesma constatação, e propõe uma mudança radical: cortar todos os alimentos que conhecidamente aumentam as taxas de hormônios que disparam a enxaqueca.

E isso é bem complicado, dado que um dos maiores vilões já é bem conhecido de todos: o açúcar. No final das contas, o açúcar aumenta a atividade cerebral (quem já engoliu um balde de balas quando era criança sabe bem disso). Pra quem tem enxaqueca, isso é uma receita de crise, que nada mais é do que hiperatividade cerebral. O problema é que não basta cortar o açúcar, já que os carboidratos que ingerimos também se transformam nessa substância, em velocidades diferentes, dependendo do tipo de alimento.

A atuação dos hormônios é bem complexa, e no livro o autor vai até a pré-história para explicar porque parece que estão arrancando meu cérebro com um fórceps a cada 15 dias. Mas o final a proposta é essa: passar a prestar atenção em você de verdade. Pensar que glutamato monossódico e remédios talvez realmente não sejam a única ou melhor escolha. E, com dor ou sem dor, tentar pular fora dessa ciranda maluca na qual a medicina nos meteu.

Já comecei a mudar o que eu como, e espero em breve ter boas notícias.

A Teoria da Diversão

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Já repararam que tudo fica melhor de ser feito quando é divertido? Da infância à velhice, sempre preferimos sobremesa a verduras, piscina a banho, parque a escola. Por que não usar isso a favor de mudanças sociais? Um grupo tem tentado provar a teoria de que a diversão pode provocar sim mudanças para melhor.

Seus vídeos estão espalhados pela internet:

Acho que transformar a escada do metrô em teclas de piano surtiu um efeito bem mais positivo do que qualquer campanha pública.

Pesquisando sobre a origem desse grupo, cheguei a um site que diz: “uma iniciativa da Volkswagen”. É, ponto pra eles (apesar de que, cá entre nós, a gente sabe como essas coisas surgem).

E não podia deixar de citar, cheguei ao vídeo pelo blog Chega de Bagunça, escrito pela Paula.

Diários de Bicicleta #2

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Plano B

crinças também são artistas urbanos
coisas que náo se vê de carro

Minha determinação de trocar o carro pela bicicleta para ir trabalhar foi por água abaixo quando passei a fazer estágio em Contagem. Para quem não mora em BH, basta dizer que Contagem também é chamada de Cidade Industrial. E isso significa muitos quilômetros e dezenas de camihões e ônibus dirigindo a mais de 100 km/h.

Bom, mas não desisti da ideia de cortar meus créditos de carbono no trânsito. Na verdade, descobri que sou mais uma walk person. Gosto mais de andar. Passei a ir para Contagem de ônibus, e deixo o carro em casa todo dia. Mesmo que tenha que pegar uma condução até o centro, para andar até outro ponto e pegar outra, me faz bem caminhar em meio às pessoas.

Também passei a ir a pé pra lugares relativamente perto. Assim, resgatei o prazer de observar a cidade. E pude observar cenas que não veria se estivesse de carro, como a intervenção de uma criança no cenário urbano, que vocês podem ver na foto.